domingo, 11 de abril de 2010

O uso da imagem pela mídia na construção do conhecimento local

A mídia pode ser compreendida como fonte de criação, que dá movimento à consolidação das tensões e representações perpetuadas pela memória individual e coletiva. Cada imagem simboliza uma historicidade que marca suas características, o que a torna parte de determinado local passando à fonte de informação e de conhecimento.
Ressalta-se que a mídia compõe-se de imagens, no sentido de possibilidade de leitura de um cenário e são as pessoas que dão vida a imagem, o que as faz “[...] a razão plena do ato da figuração: não se trata mais simplesmente de uma imagem, mas de uma imagem vista, de uma imagem que é visada a partir de um lugar originário de visualização.” (PRADO, 2002, p. 88)
A imagem resulta de um olhar subjetivado, o que leva necessariamente, á uma interação e, portanto, a uma representação do real que passa a compor uma rede de saberes contextualizada onde o sujeito torna-se o principal agente. É na verdade “uma subjetividade ligada ao imaginário e à história individual de um (ou de vários) criador (es).” (PRADO, 2002, p. 90)
A cultura midiática traz consigo um conjunto de informações que influenciam os imaginários e, portanto, nas formas de representações do social. São formas de comunicação de valores e hábitos que regram as práticas sociais e culturais contribuindo para a caracterização de saberes que consolidam os diferentes lugares de conhecimento que formam a cidade. É a imagem destes lugares que dá margem ao surgimento de tensões que permeiam os imaginários e influenciam na definição de territórios.
A cidade, nesta perspectiva, passa a ser entendida como um palco de exposição de imagens onde os habitantes, ao representarem estas imagens, culturalizam seus olhares que, em verdade, refletem sua própria identidade.
Segundo Da Ros; Maheire e Zanela (2006) “Estas imagens midiáticas fazem dos locais, lugares de conhecimento que podem ser definidos como mnemônicos que fazem parte de uma rede de saberes locais que dão forma a culturalização individual e social.
Neste sentido, a imagem memorizada leva a subjetivação do real, onde há uma consolidação do imaginário e, a partir do momento que há uma representação efetivada em uma ação social, há a definição da leitura de mundo. Assim, a memória individual se efetiva nas memórias coletivas, ou seja, “[...] as noções e imagens dos meios sociais dos quais fazemos parte envolvem as recordações individuais.” (DA ROS; MAHEIRE; ZANELA, 2006, p. 178)
A mídia torna-se cultural e, na interação com a cidade e com seus habitantes, se estabelecem novas formas imaginadas, perceptíveis que ocasionam transformações nas representações de mundo e na construção dos imaginários urbanos.
Referência: LEÃO, Fabrício Schirmann. Conhecimento Local, Mídia e a Construção dos Imaginários Urbanos. Porto Alegre. 2008.

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